sábado, 16 de junho de 2012


PROJETO DE SALA DE AULA



TEMA: Horta na escola

TÍTULO DO PROJETO: Hortaliças, alimento indispensável na merenda escolar.

PROFESSORA: Isabel Noberto Araújo

ESCOLA: Sarah Kubitschek

SUJEITOS ENVOLVIDOS NO PROCESSO: Supervisor, Diretor, Professores e alunos.

Disciplinas: Português, Matemática, História, Geografia e Ciências

PERÍODO DE REALIZAÇÃO: 75 dias.

1. JUSTIFICATIVA:

                Um número crescente de educadores tem refletido e muitas vezes buscado cumprir o importante papel de desenvolver o comprometimento das crianças com o cuidado do ambiente escolar: cuidado do espaço externo e interno da sala ou da escola, cuidado das relações humanas que traduzem respeito e carinho consigo mesmo, com o outro e com o mundo. A reflexão sobre o ambiente que nos cerca e o repensar de responsabilidades e atitudes de cada um de nós, gera processos educativos ricos, contextualizados, significativos para cada um dos grupos envolvidos.

                Neste contexto, o cultivo de hortas escolares pode ser um valioso instrumento educativo.

O contato com a terra no preparo dos canteiros e a descoberta de inúmeras formas de vida que ali existem e convive, o encanto com as sementes que brotam como mágica, a prática diária do cuidado – regar, transplantar, tirar matinhos, espantar formigas com o uso da borra de café ou plantio de coentro, o exercício da paciência e perseverança até que a natureza nos brinde com a transformação de pequenas sementes em verduras e legumes viçosos e coloridos. Estas vivências podem transformar pequenos espaços da escola em cantos de muito encanto e aprendizado para todas as idades.

                Hortas escolares são instrumentos que, dependendo do encaminhamento dado pelo educador, podem abordar diferentes conteúdos curriculares de forma significativa e contextualizada e promover vivências que resgatam valores. Valores tão bem traduzidos no livro Boniteza de um Sonho, do professor Moacir Gadotti : “Um pequeno jardim, uma horta, um pedaço de terra, é um microcosmos de todo o mundo natural. Nele encontramos formas de vida, recursos de vida, processos de vida. A partir dele podemos reconceitualizar nosso currículo escolar. Ao construí-lo e cultivá-lo podemos aprender muitas coisas. As crianças o encaram como fonte de tantos mistérios! Ele nos ensina os valores da emocionalidade com a Terra: a vida, a morte, a sobrevivência, os valores da paciência, da perseverança, da criatividade, da adaptação, da transformação, da renovação”.

2. INTRODUÇÃO:

                As atividades ligadas ao uso do solo tais como revolver a terra, plantar, arrancar mato, podar, regar não só constituem ótimo exercício físico como representam uma forma de aprendizado saudável e criativo, tal qual o contato com as coisas da natureza. Este projeto procura apresentar atividades que despertem o interesse do aluno no cuidado com o ambiente. Além de complementar a merenda escolar e a alimentação de algumas famílias, o Projeto Horta pode ser um verdadeiro laboratório ao ar livre para as aulas de Química, Física, Biologia e Matemática. Os alunos aprendem, na prática, temas como nutrientes do solo, luminosidade, temperatura, fotossíntese, desenvolvimento de plantas, a vida dos insetos e medidas de áreas.

                Essas experiências ao vivo despertam o interesse pelas aulas. Os estudantes pesquisam e debatem mais os assuntos melhorando assim o aprendizado. Neste projeto, as pessoas devem atuar sempre com muita responsabilidade e compromisso.

                Os alunos devem estar presentes na maioria das etapas e atividades desenvolvidas na horta, tais como: seleção das espécies a serem cultivadas, plantio, cuidados com a horta e colheita. Os professores devem auxiliar os alunos no desenvolvimento e manutenção da horta e na supervisão dos trabalhos. Podem também elaborar estratégias que permitam trabalhar os conteúdos numa visão interdisciplinar.

3. OBJETIVOS

3.1. Objetivo Geral:

                Sensibilizar e conscientizar as crianças de que a vida depende do ambiente e o ambiente depende de cada cidadão deste planeta.

3.2 Objetivos Específicos:

* Despertar o interesse das crianças para o cultivo de horta e conhecimento do processo de germinação;

* Dar oportunidade aos alunos de aprender a cultivar plantas utilizadas como alimentos;

* Conscientizar da importância de estar saboreando um alimento saudável e nutritivo;

* Degustação do alimento semeado, cultivado e colhido;

* Criar, na escola, uma área verde produtiva pela qual, todos se sintam responsáveis;

* Estimular os alunos a construírem seu próprio conhecimento no contexto interdisciplinar;

* Contextualizar os conteúdos aos problemas da vida urbana;

* Construir a noção de que o equilíbrio do ambiente é fundamental para a sustentação da vida em nosso planeta.

4. PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS:

                A metodologia e diretrizes a serem adotadas permitirão o envolvimento de alunos, e professores da Escola Municipal, Sarah Kubitschek e a comunidade do bairro num trabalho multidisciplinar em que todos os envolvidos se comprometerão em realizar os objetivos propostos. Para o cumprimento das atividades serão realizadas oficinas, cursos, palestras, vídeos educativos. A Escola será responsável pela Assistência técnica através da casa da agricultura na elaboração de cartilhas instrutivas ensinando como plantar hortaliças, manejo com as culturas, época de plantio, valor nutricional, etc. A escola devera disponibilizar área para a elaboração da horta, incentivar a participação de alunos, professores, materiais para a realização da horta como sementes, adubos e mão-de-obra. Serão realizadas auto avaliações constantes do projeto, através de relatórios, debates, encontros, a fim de dar continuidade aos trabalhos com seriedade, sendo que os alunos serão acompanhados por professores que darão todo o suporte para o desempenho das atividades.

5. ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS

1ª etapa:

* Visitação à horta: reconhecimento do espaço em que será feito o plantio. Nesta etapa, os professores devem aproveitar para conversar com os alunos, abordando questões como o que é uma horta, para que serve e o que podemos plantar nela.

* Exploração do espaço da horta, mostrando suas partes e os instrumentos que serão utilizados para a semeadura. Cada turma conhece seu espaço no canteiro e aprende como manusear, com segurança, o ancinho, a pá, o regador e a sementeira.

* Um quadro informativo, fixado na horta, sempre trazendo novidades sobre Ecologia, plantio ou outro assunto que seja referente ao trabalho é interessante.

          Preparação da terra:

* Depois de uma aula sobre plantio, os alunos começam a preparar a terra afofando-a, desmanchando os torrões que se formam e molhando-a.

2ª etapa:

* Apresentação da couve aos alunos.

* Aula instrutiva em que os professores explicam às crianças as características e o valor nutricional da couve e para que servem as vitaminas que estão contidas nela.

* Experimentação da verdura Hora de conhecer o gosto da couve.

3ª etapa:

* Plantio da couve.

* Os alunos deverão ser "apresentados" à semente que será plantada. Em seguida, fazem as covas para colocação da semente. Depois da plantação, os professores devem combinar com a turma o espaço de tempo em que será feita a rega e a limpeza dos canteiros.

4ª etapa:

* Acompanhamento da plantação.

* Durante a época de crescimento da plantação, podem ser criadas atividades relacionadas à horta, como, por exemplo, visita ao minhocário, observação do crescimento da semente, limpeza e rega dos canteiros. Também podem ser desenvolvidos trabalhos ligados ao tema "natureza".

5ª etapa:

* Colheita: No final do semestre, os alunos fazem à colheita do que foi plantado.

* Experimentação:

* A fase final do projeto deve ser encarada como uma festa onde todas as turmas se reúnem para comer a couve que plantaram em diversas receitas. Podem ser cultivados alface, tomate, cebolinha e coentro seguindo sempre a mesma linha de atividades. Trabalhando com tomates, por exemplo, pode-se preparar o “Festival do Tomate”, onde os alunos, depois da colheita, pesquisam com seus responsáveis várias receitas em que o tomate é o ingrediente principal e em um segundo momento seja preparado os pratos na escola chamando os responsáveis para um grande almoço.

O professor deve designar tarefas para as crianças durante o trabalho na horta, criando estratégias de ensino para as disciplinas curriculares, como exemplifico a seguir:

História / Geografia:

* Pesquisar, pela região, quais os tipos de plantações são cultivadas; para que fins são destinados (subsistência e/ou comercialização); se são rentáveis; por que não mudar; por que mantê-las etc.

* Montar um mural, com recorte e colagem de gravuras de jornais e revistas, sobre alimentos vegetais, minerais e animais de comunidades diferentes.

* Pesquisar na comunidade a existência de pessoas que saibam algumas receitas de pratos típicos com hortaliças para serem ensinadas na escola e aproveitadas pelas crianças (inclusive cascas e sementes).

* Fazer a planta do local onde mora para a observação e sugestões de locais mais apropriados para os canteiros.

Matemática:

* Comparar as dimensões dos canteiros (maior/menor, mais alto/mais baixo), suas dimensões lineares, figuras geométricas etc.

* Observar a profundidade e a distância entre as covas, comparar quantidade, números pares e ímpares na colocação das sementes etc.

* Observar e estudar, durante a colheita, tamanho, forma, quantidade e tipos de folhas, talos e raízes etc.

* Diferenciar nas receitas os diferentes tipos de unidades dos ingredientes, pesos, medidas etc.

* Trabalhar conceitos matemáticos relacionados ao espaço da horta como área e perímetro. Na semeadura contagem de sementes e medida dos sulcos ou covas. Explore o reconhecimento de formas geométricas e o uso dos sistemas de medida.

Ciências:

* Situar o desenvolvimento da planta no tempo, desde sua germinação até a colheita.

* Observar a incidência (posição) do Sol sobre a horta, durante os períodos da manhã e da tarde, para posterior comparação com outros meses do ano.

* Contrastar o clima durante as estações do ano.

* Diferenciar os diversos tipos de solo e suas matérias orgânicas;

* Exposição de trabalhos sobre a semente, o desenvolvimento das plantas, os animais da horta.

* Trabalhos sobre a produção de transgênicos e orgânicos no município e no estado.

* Palestras, vídeos sobre alimentação saudável.

* A importância dos alimentos; tempo de germinação das plantas; técnicas de plantio e preparação do solo.

* Reconhecer a importância da cadeia ecológica etc.

Português:

* Escrever frases sobre a importância das hortaliças, sua utilidade, suas propriedades etc.

* Escolher aquelas que mais lhe agradam ao paladar e narrar de que maneira mais gostam de comê-las.

* Trazer de casa diversas receitas com hortaliças (pesquisa).

* Criar histórias e personagens com as hortaliças.

* Construir um final para a história iniciada pela professora, usando a horta, hortaliças, vitaminas, sais minerais e concluir com um título etc.

* Semanalmente as crianças podem fazer individualmente o registro pôr meio de desenho ou escrita do estágio do desenvolvimento que a planta se encontra. O montante de registro de cada criança comporá uma sequência com todo o processo de desenvolvimento do trabalho que culminará com a colheita e preparo do alimento para que todos comam.

* Produções textuais, histórias em quadrinho, poesias e músicas sobre as minhocas.

* Produção de livros com as receitas que foram degustadas no desenvolver do projeto.

E ainda...

* Se o cultivo da horta for feito com as mãos, estimulará a capacidade motora dos alunos.

* Explore também a percepção da textura do solo, cheiro e umidade.

* Elaboração de cartaz com todo processo em andamento.

6.  MÍDIAS, TECNOLOGIAS E ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS.

          Aulas expositivas

          Acervos (livros, revistas, jornais, etc.)

          Construção de cartazes e murais

          Material didático pedagógico

          Leitura de textos informativos

          Discussões e debates

          CD, DVD, etc.

          Data show (Slides)

          Micro system

          TICs para pesquisar textos, analisá-los de acordo com os mecanismos de     estruturação textual e produzir outros textos em multimídia.

          Blogs, videoconferências pela internet e outros recursos tecnológicos em sala de aula para divulgar a análise dos textos e realizar as tarefas coletivas.

          Livros, papel cartolina, pincel, folhetos e etc.

          O computador para editar e revisar textos.

          Sementes e adubos

          Ferramentas

7. CONCLUSÃO

                A horta durante seu processo de implantação mobilizou pais, alunos e funcionários, possibilitando a aquisição de novos conhecimentos, onde todos através da pesquisa e prática puderam exercer uma atividade dinâmica, que favoreceu o ensino de ecologia, incentivando a pesquisa e discussão de temas como: cadeia alimentar, ciclos da matéria, decomposição, fluxo de energia, entre outros, além de garantir a interação entre outras disciplinas, estabelecendo a discutida interdisciplinaridade que ao somar os conhecimentos abriu caminhos para o desenvolvimento da aprendizagem.

                Essa atividade também contribuiu para a valorização das experiências e saberes comuns aos alunos e as comunidades em questão, possibilitando o exercício da cidadania, através da inclusão social em um espaço que deveria ser compreendido como de todos.

                A distribuição de responsabilidades referente à implantação e manutenção da horta contribuiu para o resgate e valorização de uma atividade depreciada por ambas as comunidades, que procuraram analisar através dos conhecimentos adquiridos a importância desse espaço como um campo de estudo vivo, onde a interação homem/meio ambiente se realizou, sendo este homem capaz de compreender sua ligação na teia de interações com os demais seres vivos.

                Essa proposta de trabalho enriqueceu a exposição dos conteúdos de ecologia, além de contribuir de forma positiva para o fortalecimento e manutenção das relações professor/ aluno, escola/comunidade e homem/meio ambiente, tornando nesse sentido a escola um espaço democrático, comprometida com o resgate e construção de valores fundamentais para a conquista do cidadão participativo.



8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

          BRANDÃO, C.I.; BRANDÃO, R.F. Alimentação Alternativa, Centro de Pastoral Popular. Editora Redentorista. Brasília. 1996.

          DUTRA-DE-OLIVEIRA, J.E; CUNHA, S.F. C; MARCHINI, J.S. A Desnutrição dos Pobres e dos Ricos: Dados sobre a alimentação no Brasil. Editora Sarvier. São Paulo. Brasil. 1996.

          DUTRA-DE-OLIVEIRA, J. E; MARCHINI, J.S. Ciências Nutricionais. Editora Sarvier. São Paulo. Brasil. 1998.

          LUZ, V.P. Técnicas Agrícolas. 9ª edição. Volume1. Editora Ática. 1998. Ministério da Saúde, Alimentos regionais, Versão preliminar, Brasília, 2000.

          NOBREGA, F.I. Distúrbios da nutrição. Editora Revinter. Rio de janeiro. 1998.

          SILVA, R.C. S; SANTOS, T. Alimentação escolar no Estado do Rio de Janeiro. Anais do XV Congresso brasileiro de Nutrição. Brasília, 1998.
















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